POLÍTICA

03/03/2012 06h53 - Atualizado em 03/03/2012 08h58

Senador diz que não houve problema entre ele e Déda

Para o senador, não é momento de se falar em ruptura, mas em reconstrução.

Por Eliz Moura/Faxaju

"Vamos trabalhar para não prejudicar o projeto politico e econômico do Estado de Sergipe. O povo está observando o que estes políticos estão fazendo". A declaração foi feita pelo senador Antonio Carlos Valadares (PSB) à imprensa, nesta sexta-feira (02), ao comentar a crise política estabelecida dentro da base aliada do governo Marcelo Déda. "Não há que se falar em rompimento. Tem que se falar em reconciliação", prega o senador.

"Certa vez, o presidente dos EUA, saudoso Kennedy, disse durante uma das crises que enfrentou, que quando a palavra crise é escrita em chinês, ela tem dois significados: O primeiro é o perigo. O segundo é a oportunidade. Perigo de que a crise possa prejudicar o Estado de Sergipe, no caso. E a oportunidade para que através de um diálogo construtivo e permanente, voltemos à harmonia entre os dois poderes", explicou senador.

"Estarei hoje com o governador Marcelo Deda e também com o grupo do Senador Amorim", reafirmou, anunciando que trabalha para reestabelecer a harmonia entre os poderes legislativo e executivo.

"Como ex-governador, como senador eleito três vezes com o apoio deste bloco, eu tenho o dever e a consciência cívica de lutar para restaurar a boa harmonia, não só entre os partidos políticos e o governo. Mas a boa harmonia entre o poder legislativo, do qual eu fiz parte, e faço parte, e o executivo", avaliou.

Para o senador, não é momento de se falar em ruptura, mas em reconstrução. "Eu conheço a Assembleia Legislativa, ela tem que ser tratada com muita delicadeza, com muito cuidado, com muito respeito porque só assim a harmonia será reestabelecida", disse, lembrando o relacionamento mantido com o legislativo, durante o seu mandato de governador.

"Eu atendia os deputados não só no Palácio. Eu ia ao gabinete do presidente da Assembleia pelo menos uma vez por mês para despachar com os deputados estaduais", revelou, acrescentando que os parlamentares merecem atenção e prestígio.

Antecipação

Sobre a antecipação da eleição para a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, o senador garante ter sido surpreendido, não tendo sido consultado previamente pelos integrantes do PSB, deputados estaduais Maria Mendonça e Adelson Barreto sobre a votação.

"Já conversamos com estes deputados e eles me disseram que havia uma resolução na Assembleia Legislativa que permitia a antecipação das eleições, o que ocorreu na época de Ulices Andrade. E eles informam que procurados pela atual presidenta, Angélica Guimarães, deram a palavra de que votariam. Não poderiam voltar atrás. Quando a Maria me informou, eu a disse que era melhor ela conversar com o governador", revelou.

Valadares tenta sensibilizar os dois liderados para que mantenham o apoio ao governo na Alese. "Na verdade, conversamos com ambos para tentar reagrupá-los em torno de um projeto maior. Um projeto de sustentação política do governo, uma vez que nós temos no Estado de Sergipe projetos da maior importância, que devem ser aprovados pelo poder legislativo e que são benéficos para a comunidade como um todo", disse, citando o projeto carnalita e a atualização do Estatuto do Servidor Público do Estado.

Ele também entende que é necessário melhorar o diálogo com o poder legislativo. "Tudo o que eles fizeram - eles dizem, que o fizeram exercitando o poder que eles têm. O voto é deles. Agora, politicamente falando, nos que estamos fora da Alese, o que temos que fazer é trabalhar para que eles fiquem do lado das nossas ideias, dos nossos projetos", analisou.

O parlamentar lembrou a construção do projeto político liderado pelo atual governador e assegura que o partido não busca cargos. "Eu faço parte de um núcleo político, onde sou o mais experiente. Desde 1991, estamos construindo este bloco que é o maior no estado de Sergipe. Passamos 15 anos na oposição. Só em 2006, com a eleição de Déda, é que o PSB veio participar do governo. Nós não lutamos por cargos porque se fosse assim, durante estes 15 anos em que permanecemos na oposição, a convite de Albano e João, teríamos voltado ao governo. Nós não estamos buscando privilégios ou posições de mando. O que estamos buscando é a manutenção de um projeto que foi construindo com muito sacrifício", esclareceu.

TCE/SE

Valadares também entende que a Alese tem autonomia para escolher o nome do próximo conselheiro. "Na verdade, a indicação para o Tribunal de Contas do Estado não é competência do governador, nem do senador Antonio Carlos Valadares. É atribuição especifica do poder legislativo. Nós respeitamos toda e qualquer decisão tomada pelos deputados estaduais".

Sobre a condição imposta pelo suplente Gilmar Carvalho de que o PSB entregue os cargos estaduais para obter apoio do grupo dos irmãos Amorim à indicação de Belivaldo, o senador preferiu não tomar decisões precipitadas. "O PSB não pode tomar decisões precipitadas por um interesse de um deputado que quer retornar à assembleia legislativa. Embora eu ache um direito legítimo", explicou.

"Mas, também é direito legítimo do PSB refletir sobre a crise e não sobre o tribunal. O que nós queremos, neste momento, é lutar pela governabilidade. Nós políticos existimos para trabalhar para o povo, não para ir atrás de cargos", repreendeu.

Sobre a manutenção das secretarias ocupadas por indicados pelo PSB, Valadares entendeu ser decisão do governador. "Ele vai decidir se o PSB vai se manter ou não. Ele sabe que PSB luta por este projeto, não é de agora, e não foi em razão de cargos. Em razão de ideia consolidadas e consubstanciadas ao logo de 20 anos".

PMA 2012

"É um projeto que está na mira do PSB. Isso vai depender de entendimento e articulações entre o PSB e os demais partidos. Com este desfecho político, no momento, não estamos preocupados com a eleição municipal, nem com TCE. Isso aí é consequência!", explicou.

Valadares diz que até junho, o partido terá decidido candidatura. "Até o mês de junho, temos este prazo para decidir. Edvaldo Nogueira está saindo, um bom administrador e precisa de um bom sucessor. O PSB tem gente para administrar a nossa capital, temos dois candidatos, o Adelson Barreto e o Valadares filho. Vamos ver o que vai acontecer até o mês de junho", comentou, acrescentando que buscará os apoios necessários. "Vamos atrás de todos que possam participar deste projeto".

Por: Eliz Moura