quinta-feira, 22 de março de 2012

EDUCAÇÃO


22/03/2012 06h47 - Atualizado em 22/03/2012 07h45
Trinta mil alunos do Sergipe Alfabetizado já estão em sala de aula
Programa já alfabetizou mais de 170 mil pessoas acima dos 15 anos.
Por Ascom Seed

Ao final do curso espero ter vontade de voltar à escola e transmitir essa garra aos meus filhos e netas. Quando ficamos muito tempo sem estudar, perdemos o estímulo para voltar depois. Quero continuar crescendo como mulher e cidadã, através do conhecimento”, declarou a dona de casa Edilma Brito Brandão, que estudou até a 8ª série e está há 23 anos longe dos bancos escolares. Edilma é uma das mais de 30 mil pessoas beneficiadas nesta etapa do Programa Sergipe Alfabetizado, que teve as aulas iniciadas na última segunda-feira, 19, com a meta de reduzir a taxa de analfabetismo no estado.


Edilma assiste às aulas todas as tardes em sua própria casa, no povoado Gameleira, no Mosqueiro, zona sul da capital. Sua filha mais velha, a estudante de pedagogia Jéssica Brito, é um dos 2.500 alfabetizadores contratados para o módulo 2011/2012 do programa. Em casa, mãe e filha recebem as mulheres da comunidade que, assim como Edilma, têm vontade de vencer na vida através do estudo.

Estudei até a 4ª série, mas este mundo não é o mesmo de 50 anos atrás quando eu parei. Aprendi a ler e escrever algumas coisas, mas isso não é mais suficiente para os dias de hoje. Quero me dedicar ao Sergipe Alfabetizado e não depender de mais ninguém. Nunca é tarde para aprender quando se tem fé e força de vontade”, enfatizou a dona de casa Marlene da Luz, de 57 anos.

De acordo com o diretor do programa, José Genivaldo Martirez, pessoas que chegaram a frequentar a escola também são público-alvo do Sergipe Alfabetizado. “O objetivo vai além de alfabetizar aquelas pessoas que nunca pisaram em uma sala de aula. O programa serve também como um portal para que pessoas que deixaram de estudar por algum motivo possam descobrir o prazer da leitura e da escrita e irem em busca da continuidade dos estudos. Que o Sergipe Alfabetizado seja um ponta-pé inicial para uma carreira acadêmica”, disse o diretor.

Ainda segundo Martirez, o programa se destaca, dentre outros aspectos, por chegar mais perto do público-alvo. “O Sergipe Alfabetizado está em localidades às quais a própria escola não chega. As aulas acontecem nas casas de alfabetizadores, sedes de associações, igrejas, dentre outros locais. A ideia é chegar até onde o aluno estiver. E dessa forma o programa se faz presente em 69 municípios sergipanos”, ressaltou.

Para este ano também está confirmada a participação de trabalhadores de canaviais e laranjais por meio da parceria com a Secretaria de Estado da Inclusão, Assistência e Desenvolvimento Social (Seides). "Através dessa parceria, os 1.484 trabalhadores da cana-de-açúcar e da laranja, identificados na condição de não alfabetizados, participarão das classes do Programa Sergipe Alfabetizado, com material pedagógico específico", explicou o diretor.

Alfabetizadores

Personagens indispensáveis no processo, os alfabetizadores passaram por quatro capacitações para se adequar à metodologia do programa. Eles, que somam 2.500 em todo o Estado, são gerenciados por 300 coordenadores de turmas e passarão por acompanhamentos mensais a fim de garantir uma melhor qualidade na alfabetização de jovens, adultos e idosos.

Nas capacitações aprendi como abordar esse aluno, que muitas vezes não gosta de se expor, de dizer que não sabe sobre determinado assunto. Aprendi as didáticas do programa e a melhor maneira de ensinar a esse aluno noções básicas de língua portuguesa e matemática, sempre aliando o conteúdo a exemplos do dia a dia”, explicou Jéssica Brito.

Para a alfabetizadora, o principal estímulo para participar do programa foi observar a realidade de sua comunidade. “Às vezes, as vizinhas chegavam com correspondências para eu ler, pois elas não sabiam. Isso me deixava triste e preocupada. Então, uma amiga que já era alfabetizadora me apresentou ao programa. Fiquei encantada e tive a certeza de que poderia trazer benefícios à minha comunidade. Minha motivação é poder ajudar a essas pessoas que não tiveram as oportunidades que eu tive. Essa experiência também vai enriquecer meu currículo e me preparar para a carreira de professora”, projetou a estudante de pedagogia.

Avaliações e continuidade

Genivaldo Martirez explica que não existiu seleção para a pessoa fazer parte do programa, apenas duas provas são feitas durante o processo para avaliar o desenvolvimento do alfabetizando. “O programa nunca teve um caráter classificatório. Os alunos passam por uma avaliação no início e outra no final do curso. O intuito é diagnosticar quais as habilidades que eles tinham e quais adquiriram no decorrer do processo”, explica.

Os alunos aptos a continuar os estudos após os sete meses do programa são encaminhados a escolas de seus municípios. “Ao final do curso, nós encaminhamos às secretarias municipais de educação as listas dos alunos aptos a continuar os estudos na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Pedimos que as secretarias encontrem escolas mais próximas ao local onde eles moram. É um trabalho árduo, pois esse público não pode ser obrigado a frequentar uma sala de aula. O que podemos fazer é incentivá-lo”, disse Martirez.


Sergipe Alfabetizado

Desde que foi instituído pelo Governo de Sergipe, o programa já alfabetizou mais de 170 mil pessoas acima dos 15 anos. O Sergipe Alfabetizado está em consonância com o Programa Brasil Alfabetizado, do Governo Federal, e tem como meta iniciar o processo de alfabetização de jovens e adultos para erradicar o analfabetismo no Brasil.
 
No módulo 2010/2011 (dezembro de 2010 a junho de 2011), o processo de alfabetização foi iniciado com 40 mil alunos cadastrados. Concluíram o curso 33.704 pessoas. Deste total, 21.085 alfabetizandos foram considerados aptos a continuar os seus estudos na EJA.

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